quarta-feira, 22 de abril de 2009

Justiça e Moral

Amarraram-no como amarram bois em vaquejadas.Porém ao invés das pernas e braços ficarem à frente como as patas do boi, eles ficaram para trás. Uma multidão arrastou-o até certo terreno baldio e bateu-lhe sem preguiça.
Gritava exaustivamente por socorro, gemia a cada soco e sangrava muito. A roda formada a sua volta clamava por violência pedindo cada vez mais agressões. Clamavam por justiça e moral.
José da França, 17, morreu por efeito da hemorragia, seu corpo desfaleceu com multiplas escoriações e fraturas por pauladas, chutes e socos, tudo porque queria ser chamado Luana.

sábado, 11 de abril de 2009

O som do ferro

O metal arranha o cascalho das ruas do Serviluz. Pela noite, o cabo Hamilton marcha com seu cano de ferro de um metro de comprimento. As manchas de sangue no cano testemunham a favor de algumas vítimas fatais. Sempre jovens infratores que perambulavam de forma suspeita ou estavam sentados de forma suspeita por lá. Poucas foram suas suspeitas injustas.
Para matar, o cabo vai com o ferro à cabeça do elemento. 3 vezes, 4, 5, até 6, quando o desgraçado ainda emite alguns espasmos de sofrimento pelo corpo. Hamilton detesta ver sofrimento. Para estupradores ou outros criminosos hediondos, acerta-lhes a vértebra. O novo paraplégico nunca mais recuperava o andar, e jamais esquece seu erro.
Beeeeeeeeeemmmmm!!! Ecoa pelas ruas do Serviluz a batida do cano de ferro em alguma vítima - suspeita por perambular ou ficar sentada - do cabo Hamilton. Moradores escutam. O som do ferro arrepia uns, faz chorar outros, a maioria apenas vira o corpo para outro lado da cama com a mente mais aliviada. Uns até sussurram baixinho: "É isso mesmo Hamilton."