sábado, 11 de abril de 2009

O som do ferro

O metal arranha o cascalho das ruas do Serviluz. Pela noite, o cabo Hamilton marcha com seu cano de ferro de um metro de comprimento. As manchas de sangue no cano testemunham a favor de algumas vítimas fatais. Sempre jovens infratores que perambulavam de forma suspeita ou estavam sentados de forma suspeita por lá. Poucas foram suas suspeitas injustas.
Para matar, o cabo vai com o ferro à cabeça do elemento. 3 vezes, 4, 5, até 6, quando o desgraçado ainda emite alguns espasmos de sofrimento pelo corpo. Hamilton detesta ver sofrimento. Para estupradores ou outros criminosos hediondos, acerta-lhes a vértebra. O novo paraplégico nunca mais recuperava o andar, e jamais esquece seu erro.
Beeeeeeeeeemmmmm!!! Ecoa pelas ruas do Serviluz a batida do cano de ferro em alguma vítima - suspeita por perambular ou ficar sentada - do cabo Hamilton. Moradores escutam. O som do ferro arrepia uns, faz chorar outros, a maioria apenas vira o corpo para outro lado da cama com a mente mais aliviada. Uns até sussurram baixinho: "É isso mesmo Hamilton."

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