quinta-feira, 28 de maio de 2009

Empirismo

Jaqueline sempre morou na mesma casa. Com a fuga da mãe, logo na infância, assumiu as tarefas do lar. Desde os 8 anos, a menina cozinha todos os dias para o pai. Afonso, como atende, homem sisudo sempre manteve por medo a filha em regime semi-fechado. Jaqueline não tem amigos, apenas um diário no qual desde o começo da sua escrita anota suas atividades e sonhos.
De 15 dias para cá Afonso reclamava vez por outra da comida da menina. Ela por sua vez pedia desculpas submissas. O homem demorou apenas 15 dias reclamando do novo tempero da filha, por envenenamento Afonso morreu sem ajuda médica na própria casa. Jaqueline fugiu, seguindo a sina da mãe, deixou o diário, explicando que o abandono era por vida nova, nele explicou todos os quinze dias, veneno por veneno, sintoma por sintoma, como uma cientista.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

500.000,00 reais

Ricardo corria muito, com o filho enfermo precisava de remédios receitados. Chovia pouco e já era meio da noite. Ao deixar cair a receita mal escrita por um médico público, voltou-se apressado para apanha-la. Difícil foi a consumação do ato simples, em rua molhada o papel pelejou a sair. Ricardo não ouviu a bozina de Germano que acelerou ainda mais ao ver o homem.
Suspeito! Suspeito! Disse pedindo alguma solução para os companheiros.
Ricardo ainda percorreu o corredor da emergência, mas morreu antes do diagnóstico. Gemano não respondeu pelo atropelamento, dirigia um carro forte com 500.000,00 reais em espécie e Ricardo, o seu suspeito, tinha ficha suja na polícia, o que apenas agravou. Infelicidade de Jonas e Maria do Carmo que ficaram sem pai e salário.